terça-feira, 22 de novembro de 2011

Lágrimas são o que temos de mais concreto na vida.

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Para uma tragédia futura.

Preciso desatar os nós que ainda sobraram em minha garganta. Depois que conseguir desatá-los, partirei em busca de você. Tocarei a campainha do teu apartamento e esperarei alguma reação sua. Qualquer que seja. ó vou entrar se for convidada e mesmo que você não queira abrir, ficarei lá, esperando. Porque sei que também me ama e sei que alguma hora vai querer me ver e ouvir. E se você demorar muito, vou chamar teu nome. Quem sabe se, ouvindo a minha voz, você toma alguma atitude. Quando a porta me for aberta, colocarei teu gato nos meus braços e sentarei no sofá. Então começarei a falar.
"Você sabe que sou estranha e complicada. Meus óculos ainda estão tortos porque não quero ir à loja sem você. Tentaram nos vender alianças lá, lembra? Mas nós já usávamos as nossas. Onde está a sua? A minha continua aqui, intocável. Eu disse que não me livraria dela enquanto te amasse. Sei de tudo que aconteceu e você sabe que nenhum de nós teve culpa. Então deixa eu vir morar contigo? Faço o café do jeito que você gosta, alugo uns filmes e fico o dia todo deitada aqui contigo. Deixo você mexer nos meus cabelos e ouço suas histórias sobre os seus amigos que chamo de idiotas.  Sei que o que éramos não existe em lugar algum além de nossas memórias, mas podemos construir vidas novas. Vamos fugir. Você tem seu carro, eu tenho um mapa na internet. Daremos nomes falsos em hotéis, desarrumaremos as camas e fugiremos novamente. Eu só quero que você me deixe fazer parte da sua vida novamente. Nossos filhos precisam saber que nós não desistimos quando o motor quebrou da primeira vez. Nossos filhos precisam nascer."

domingo, 13 de novembro de 2011

Caio certa vez disse que não pode ser feliz quem escreve. Tentei quebrar esta sentença, mas o que sou para tentar algo assim? Conheci alguém que não tenta ser feliz, ou pelo menos não aparenta tentar, e que escreve daquele jeito que nos deixa estáticos e suspirantes. Só será reconhecido alguns anos após sua morte, como tantos aqui neste lugar. Mas será lembrado por mim enquanto minha memória permitir. Vivi em palavras a vida de Clarice e alguns outros e confirmei o que havia sido dito anteriormente, os bons não são felizes.
Analisei minhas “publicações” aqui e percebi que muito pouco foi escrito durante momentos de felicidade. Minha safra de palavras sempre é satisfatória quando estou triste, lúcida e a beira do caos. Tudo fica bonito, corretamente pontuado e porque não dizer, inspirador. A felicidade me trás paz e sorrisos, mas leva as palavras que tanto amo. Isso me faz pensar se vale a pena ser feliz. Não, espere, não estou pedindo uma resposta de você. Essa é uma das coisas que precisam ser respondidas por nós mesmos. Você diria que não tenho motivo algum para levar uma vida triste, mas nunca habitou minha mente nem sentiu minhas dores internas para opinar neste caso. As vezes é difícil me manter acordada nessa vida.
Viverei eternamente com essa questão estampada em minhas camisetas e cadernos, até o dia da eternidade que me entregue uma resposta satisfatória. Devo ser feliz?

sábado, 12 de novembro de 2011

Eu poderia muito bem ter criado este blog para reclamar da sociedade, mas faço parte dela.

As pessoas que não usam as redes sociais para paquerar, quase sempre as utilizam para protestos de massa. Recentemente, perdendo meu tempo no facebook, avistei uma imagem que me fez rir. Uma conhecida havia compartilhado uma imagem que dizia que a emissora local era burguesa. (Houve uma greve geral em minha cidade e a maior emissora daqui, mostrava apenas os transtornos causados pela greve e nada sobre o que a causou foi mostrado nos noticiários dessa emissora.) 
O problema disto, é que a pessoa que compartilhou esta imagem faz parte da burguesia e acha ruim quando algo ameaça o seu título burguês. 
E além do mais, quem somos nós para falarmos mal da burguesia? Se desde pequenos, escutamos nossos pais dizerem que precisamos estudar para arranjar um bom emprego e ganhar muito dinheiro? É ridículo criticar uma escola, só porque você não pode pagar a mensalidade para estar lá. Assim como também é ridículo criticar uma classe social porque não se faz parte dela. 
O papel dos noticiários é mostrar o que é notícia. Uma greve gera mais transtornos para a população em geral do que traz benefícios para os grevistas. Ruas são interditadas, transportes públicos são paralisados, engarrafamentos atrasam a cidade. Falo isto, mas não sou contra quem pratica tal ato. Sei da importância desses movimentos e me juntaria à causa se estivesse sendo tão prejudicada quanto eles. 
Eu seria hipócrita em concordar com quem faz críticas às classes altas. Um dia, pretendo fazer parte dela e não vou querer ser criticada.

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

A saudade do que nunca vivi é a que mais me faz lamentar.

Meus próprios meios.

Era véspera de Copa do mundo e, como todo bom brasileiro, já estava preparando-se para o grande evento. Tinha muitos planos para assistir a todos os jogos, mas havia um problema. Dinheiro? Não. A falta dele. José morava em uma periferia, tinha três filhos e sua esposa estava desempregada.
Durante um passeio pelo centro de sua cidade, viu um mendigo em uma calçada e ao seu lado, um cartaz com o escrito: "ajude-me, preciso de dinheiro para voltar para a minha terra."  A partir disso, teve uma ideia.
Acordou as 5 da manhã no dia seguinte e fez seu próprio cartaz. Às 7 estava sentado em frente a um centro comercial  e o cartaz ao seu lado. Alguns minutos depois, os ônibus começaram a chegar. E desceram deles pernas, saias, gravatas e maletas. Todas elas foram em direção ao prédio. Algumas pararam e riram. Outros atravessaram a rua e entregaram moedas a José. O cartaz dizia: "Ajude-me, a Copa é em breve e eu preciso de uma televisão nova."
Durante toda a semana, José acordava às 5 e ia até o centro de sua cidade. Sentava-se e colocava seu cartaz ao seu lado. Ouviu piadas e desaforos em resposta a seu pedido, mas continuou. Ao chegar a sexta-feira, sentiu-se cansado, mas satisfeito com a quantia arrecadada. Poderia comprar uma televisão, mas pagando somente a primeira prestação. Então resolveu usar o dinheiro para assistir o jogo em um restaurante, com sua família, vendo os lances através de uma tv que nunca conseguiria comprar.

Bula.

Uma vida perfeita se constrói desde a infância. É preciso ser uma criança brincalhona e obediente. Simpática e engraçada. Torne-se um adolescente estudioso e obediente. Não corte seu cabelo de um jeito louco, nem fuja de casa. Nunca fiquei de recuperação. Passe no vestibular e seja um exemplo de universitário. Arranje um estágio e seja contratado. Faça também um concurso público e passe em primeiro lugar. Ganhe muito dinheiro. Encontre um jeito que parar a emissão de gases poluentes na atmosfera e ganha o prêmio Nobel. Conheça um rapaz na sua lanchonete favorita e case-se com ele. Compre um carro zero, depois um apartamento. Tenha dois filhos. Depois disso, acorde e viva no mundo real.
P: O que significa nostalgia?
S: É a dor que a saudade causa.

Momentos perfeitos me deixam assustada, porque eles não acontecem a todo momento e sempre vai haver aquela vontade de voltar no tempo e viver tudo novamente. Mas nada nos faz voltar, então ficamos com aquela dor estranha. Aquela tristeza, aquela decepção.
Pensando assim, seria preferível não viver tais momentos?
Mude o rumo da sua vida quando o seu único motivo para acordar for trabalhar e ganhar dinheiro para pagar o lugar no qual você dorme.