sábado, 21 de setembro de 2013

Só mortos sairemos daqui.

Vem cá, deixa eu te ninar.
Não foge, que quando era eu, você me segurou pelo braço, me girou e pediu que eu apenas abrisse os olhos. Que eu apenas visse tudo o que estava ao meu redor.
Não chora.
Podemos juntar nossos medos, misturar tudo e fazer um doce, como os seus. O que nos adoçaria mais do que nós mesmos?
Agora, eu digo: abra seus olhos, meu bem, encare os fatos. Conforme-se com o peso de mim que você carregará para sempre. Acomode-se e conforte-se. Essa é a nossa sina, você em mim e eu em você. Urgentemente, desesperadamente. Apenas assim.
Pega na minha mão, vamos ver o abismo. Não agora, preciso te deixar dormir. Você corre tanto, que um dia qualquer vai me alcançar antes mesmo que eu consiga chegar. Por isso está sempre precisando de afago, de colo, de descanso. E eu, sempre falando demais, acabo por não entender que tudo o que você espera de mim é o silêncio que eu tanto procurei. Vai, pode dormir. Acaricio seu cabelo e você dorme. Essa é a ordem.
Enquanto você acorda, vejo seus olhos e agradeço por não precisar me perder em lugar nenhum, além deles. E acordas assim, cantando o nosso estranho encontro, nossas estranhas circunstâncias e descobrindo nossos inúmeros desencontros.
Eu quero, eu sinto, eu posso. Nós vamos viajar dentro desse arco que nos suga cada vez mais, vamos nos perder e nos encontrar ainda dentro dessa confusão. Eu te quis mesmo antes de te conhecer. Somos apenas abstratos. Nossas mãos dadas se entrelaçara de um jeito que eu sinto a tua unha na minha unha, a tua pele na minha, a tua força na minha força, nós vamos nos grudar e você vai gritar até que nenhum de nós possa mais ouvir.
"O teu desejo é sempre o meu desejo. Vem, me exorciza."

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