- Oi
- Oi (MEU DEUS ELE ME DEU UMA FLOR)
- De onde você tá vindo?
- Da faculdade, e você?
- Eu também. Que curso você faz?
- Cinema... (QUEM É ELE PRA QUERER SABER O QUE EU FAÇO E DE ONDE VENHO? SOCORRO)
- Ah, sério? Tenho uma amiga que faz cinema...
- Ah, sério? Legal :)
Pausa. Minha cabeça tava a mil. Eu já nem sabia mais que música tava ouvindo e minhas mãos suavam. Pensava "Puxa, ele é bonito... Quando eu contar isso, ninguém vai acreditar."
- Qual o seu nome?
- Marília, e o teu?
- Carlos.
Lembro de um estranho ter nos interrompido pedindo informações e eu dei uma resposta errada, até hoje espero que aquele homem tenha conseguido chegar onde queria.
Você disse alguma coisa como olha-eu-preciso-ir-agora-que-já-é-a-minha-parada e eu pensei que tinha acabado ali. Guardei a flor e voltei a ouvir minha música. O trocador tinha o cabelo branquinho e veio conversar comigo. Perguntou se eu estava no ônibus certo e eu disse que sim. Ele sorriu. Foi um dia bonito, e aí eu não consegui não te procurar por aí, até que encontrei e desde então não paramos mais de nos falar, você percebeu? Mesmo vendo meu pescoço amarrado e machucado você não deixou que eu desligasse o telefone. Nem a cabeça.
Sempre fui de pensar demais e durante toda aquela semana, não pensei, só deixei que você me levasse. Tinha muito barulho e você disse que não conseguia parar de pensar em mim. As suas palavras tinham cheiro de álcool. Eu bebi cada uma delas.
No dia seguinte, misturamos açúcar a adrenalina e tivemos um composto: suor. Nossas mãos e pés dançavam em nossos sapatos e a agonia do segundo seguinte nos matava como o tempo que morria junto com a nossa espera. Foi então que nos vimos sós. E cada pedaço pensante e não pensante de mim quis que você chegasse mais perto e que nos tornássemos o que ainda não tínhamos sido, e que somos hoje.
Nenhum comentário:
Postar um comentário